Desagregação familiar e falta de oportunidades razões da deliquência juvenil, dizem sociólogos angolanos

20-04-2023

O Governo de Luanda criou uma comissão para conter a delinquência juvenil e a problemática das rixas entre gangues rivais na capital angolana. O Executivo de Manuel Homem aprovou igualmente a elaboração de um estudo sobre os níveis de delinquência juvenil em Luanda, que ficou a cargo da polícia da capital que já identificou 173 gangues caracterizadas em sociais, violentas e delinquentes. A comissão é integrada por órgãos dos sectores sociais, de educação, de polícia, da família e promoção da mulher, que terão a missão de lidar com o fenómeno em todos municípios de Luanda. Sociólogos que falaram com a Voz da América  dizem que a tarefa principal e urgente é tratar da situação das famílias. Marlene Mecele afirma que "a desestruturação familiar é o factor crucial que leva os jovens em sociedade como a nossa menos desenvolvida a entrarem para a marginalidade”. “Outro factor são as péssimas políticas públicas que não são abrangentes, e são desiguai e isto leva aos jovens desviarem-se", acrescenta aquela socióloga que avisa para dias piores  caso a questão das famílas não for atendida. "Se a sociedade continuar a viver com este tipo e nível de famílias totalmente desestruturadas daqui a 5, 7 anos Angola poderá liderar a lista de países do mundo com níveis de criminalidade graves”, conclui. Outro especialista, o sócio-demógrafo João Lukombo Nza Tuzola, aponta os mesmos factores como os primeiros a serem atacados, caso contrário não há comissão que resulte. "A desintegração das famílias angolanas por vários motivos e a segunda causa, o desencanto dos jovens perante a situação social do país, principalmente o desemprego, a expectativa social”, afirma Nza Tuzola para quem, “além desta frustração, a falta de oportunidades leva o jovem ao extremo, naturalmente ele vai enveredar a criminalidade e no alcoolismo". A educação é a primeira das soluções na óptica daquele especialista para se inverter o actual quadro. Nza Tuzola pensa que enquanto o Estado deixar  cinco milhões de crianças por ano fora da escola, certamente o batalhão de criminosos lá a frente tende a aumentar. "É preciso prevenir ao invés de partir para repressão, faço questão que é sempre melhor prevenir”, defende.

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