"O 18 de Brumário de Luís Bonaparte" é uma das obras mais importantes de Karl Marx, publicada em 1852, em que ele analisa o golpe de estado de 1851 de Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, que marcou a queda da Segunda República Francesa e a ascensão do Segundo Império. Marx investiga o contexto social, político e econômico que permitiu o golpe e explica como Luís Bonaparte explorou as fragilidades das instituições republicanas para consolidar seu poder e instaurar uma ditadura.

A obra examina, de forma profunda, o conflito entre as classes sociais na França do século XIX e a luta pela hegemonia política, destacando a influência da burguesia, do proletariado, do campesinato e da pequena burguesia. Marx mostra como Luís Bonaparte usou o apoio do campesinato, uma classe isolada e menos politizada, para enfraquecer a burguesia e o proletariado urbanos, mantendo-se no poder através de uma política de alianças ambíguas e manipulação do sentimento nacionalista.

Um aspecto fundamental do texto é a reflexão de Marx sobre o papel da história e das ideologias no desenvolvimento dos eventos políticos. Ele ilustra como figuras históricas e símbolos foram utilizados para justificar o golpe, reiterando sua famosa tese de que "a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa." Marx critica a utilização do legado napoleônico como uma máscara para encobrir interesses de classe e legitimar o poder de um líder autoritário.

Além disso, "O 18 de Brumário" é uma análise sobre o papel do Estado como instrumento de dominação de classe. Marx argumenta que Luís Bonaparte fortaleceu o aparato estatal, usando-o como meio de repressão e controle, mostrando que o Estado pode agir de forma independente para manter a ordem social e proteger os interesses das classes dominantes.

No conjunto, o livro de Marx é uma crítica ao fracasso das forças progressistas e à incapacidade das classes dominadas de alcançar a emancipação política e econômica. A obra se tornou um clássico da análise política e histórica, sendo reconhecida como uma exploração precisa dos mecanismos de poder, das ilusões ideológicas e da luta de classes, que permanece relevante para a compreensão dos processos políticos contemporâneos.